Fundo Maestro Cunha . MJAC
Histórico do Acervo
O acervo de José Antônio da Cunha (1932 - 2025), o “Maestro Cunha” como é conhecido no meio artístico, é um exemplo de arquivo que reúne documentos direta ou indiretamente conectados à sua longa trajetória como músico na qual passou por distintas funções, cidades e instituições.
O primeiro contato com o acervo foi feito pela Dra. Raquel Aranha, na residência do maestro, por volta de 2014 e 2015.
Todo o material se encontrava nos aposentos do apartamento onde o maestro ainda reside, distribuído tanto em armários quanto empilhados em estantes e caixas avulsas, sem ordem aparente.
Nenhum membro da família é músico, e a remoção de todo o conteúdo já era cogitada mas sua destinação era incerta.
Ao longo de 2017 e 2018 foram recolhidos mais de 70 volumes (caixas e embalagens variadas, de tamanhos distintos) pela voluntária e também articuladora das ações entre instituições, a Dra. Raquel Aranha. Ela, com o auxílio de um amigo (Lucas Faria) e de seu pai (José da Silva Aranha), embalou e transferiu todo o acervo para a "Sala de Cirurgia" do Pavilhão Central, espaço destinado ao projeto e suas ações de salvaguarda técnica pela então direção da AFAC (Ângela Tornelli).
Com o fim da parceria entre UNESP e a AFAC o convênio foi encerrado, e as atividades de salvaguarda foram mantidas de forma independente pela Dra. Raquel Aranha e sua auxiliar, a musicista Beatriz Soares, entre 2018 e início de 2019.
Com a pandemia, todas as ações foram suspensas e apenas no fim de 2021 puderam ser retomadas.
Em 2022 a SOCEM (Sociedade de Cultura e Educação Musical de São José dos Campos, presidida pela Dra. Raquel Aranha desde 2020) assumiu a coordenação do processo de salvaguarda, e numa nova parceria entre SOCEM e AFAC foi inaugurado o Centro de Documentação Musical (CDM SJC) no Pavilhão Marina Crespi do Parque Vicentina Aranha.
Desde então o acervo do Maestro Cunha tem passado por várias ações: técnicas (triagem, higienização, desmetalização, classificação, ordenação, catalogação e digitalização); de difusão de suas obras autorais (foram escolhidas algumas para serem executadas por músicos da cidade, convidados pelo CDM SJC); de exposição (o "Maestro Cunha e o legado do Choro") e disponibilização de parte de seu acervo musicográfico (em constante avanço), para consulta online.
Biografia resumida
José Antônio da Cunha - Jequitinhonha, Minas Gerais (1.06.1932 - 20.05.2025) - O "Maestro Cunha"
Jequitinhonha
Natural da cidade de Jequitinhonha, iniciou sua prática musical tocando requinta, aos 8 anos, em sua cidade natal.
Barbacena
Aos 14 tornou-se subregente da Banda de Música da cidade, e aos 17 ingressou na Aeronáutica como cabo-músico. Foi diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Barbacena e exerceu o magistério no ensino da música na EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar).
Rio de Janeiro
Como músico militar, em 1968 qualificou-se como maestro, e em 1980 tornou-se inspetor das bandas de música da aeronáutica até 1992, quando entrou para a reserva. Exerceu o magistério no CIEAR (Centro de Instrução Especializada da Aeronáutica) e também em escolas civis.
Atualizou e elaborou toda a legislação para músicos e bandas da Aeronáutica. Organizou e dirigiu as seções de música da DIRAP (Diretoria de Administração do Pessoal), do DEPENS (Departamento de Ensino) e do CENDOC (Centro de Documentação), além de criar e dirigir o conjunto de câmara do INCAER (Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica).
É autor de diversos hinos e canções da Aeronáutica, dentre eles o Hino do CIEAR.
Como músico civil, foi membro da Orquestra Sinfônica da Guanabara, dirigiu bandas, orquestras e corais, inclusive o coral (e solistas) do Teatro de Ópera do Rio de Janeiro, e participou das orquestras: Golden Brasil (Teatro Scala), do Maestro Cipó, Carioca, Raul de Barros, Cuba Libre, Waldir Calmon, Tuoi, Rio Antigo, Anos Dourados e Rever Song, além de ter formado sua própria orquestra.
São José dos Campos
Já na reserva, a partir de 1992, o Mastro Cunha passou a fortalecer o movimento de Choro na cidade, tendo fundado em 13 de outubro de 1994 o Clube do Choro Pixinguinha, do qual ainda é presidente, e por onde passaram muitos músicos amadores e profissionais. Integrou a Comissão Setorial de Música da Fundação Cassiano Ricardo (extinta em 1998), órgão responsável pela gestão pública da cultura na cidade, trabalhou em projetos de música junto à antiga FEBEM (atual Fundação Casa), e também FUNDHAS (Fundação Hélio Augusto de Souza). Como principal líder do Choro na cidade, realizou inúmeros projetos em torno do Chorinho, como: Encontro de Chorões do Vale, Vale Choro, Chorinho para Todos, Projeto Alegria e Dança.
Em 20 de maio de 2025 faleceu na cidade de São José dos Campos, aos 93 anos, em consequência de Alzheimer.