Fundo Maestro Cunha . MJAC
Histórico do Acervo
O acervo de José Antônio da Cunha (1932), o “Maestro Cunha” como é conhecido no meio artístico, é um exemplo de arquivo que reúne documentos direta ou indiretamente conectados à sua longa trajetória como músico na qual passou por distintas funções, cidades e instituições.
O primeiro contato com o acervo foi feito pela Dra. Raquel Aranha, em 2017, na residência do maestro.
Todo o material se encontrava nos aposentos do apartamento onde o maestro ainda reside, distribuído tanto em armários quanto empilhados em estantes e caixas avulsas, sem ordem aparente.
Nenhum membro da família é músico, e a remoção de todo o conteúdo já era cogitada mas sua destinação era incerta.
A partir de então deu-se início a um diálogo com uma instituição cultural de São José dos Campos, a AFAC (Associação para o Fomento da Arte e Cultura), que gerencia um complexo arquitetônico histórico de forte conexão com a cidade: o Parque Vicentina Aranha. Construído para abrigar e conferir tratamento a pacientes de tuberculose, o parque conta com inúmeras salas e pavilhões que foram restaurados (ou estão em vias de), e que podiam receber adequadamente o arquivo. Então delineou-se uma ação coordenada pelo Prof. Dr. Paulo Castagna (com a participação voluntária da Dra. Raquel Aranha), em convênio de cooperação institucional entre AFAC e UNESP/SP, o qual possibilitou a remoção do acervo e sua transferência para o parque, para triagem e higienização. Ao longo de 2017 e 2018 foram recolhidos mais de 70 volumes (caixas e embalagens variadas, de tamanhos distintos).
Com o fim da parceria entre UNESP e a AFAC, a SOCEM (Sociedade de Cultura e Educação Musical de São José dos Campos, presidida pela Dra. Raquel Aranha desde 2020) assumiu a coordenação do processo.
Em 2022, e numa nova ação entre SOCEM e AFAC, nasceu o Centro de Documentação Musical (CDM) no Pavilhão Marina Crespi do Parque Vicentina Aranha (SJC), recentemente restaurado. Neste local ocorrem as ações técnicas de Salvaguarda de Patrimônio Musical (Higienização, Desmetalização, Classificação, Ordenação, Codificação e Digitalização), além de atividades abertas ao público como exposições temporárias, palestras e apresentações musicais.
Em 2023 o CDM abriu seu espaço para receber pianistas amadores para realizarem seus estudos no piano acústico doado por Meri Bassi (uma das fundadoras da SOCEM), e em 2024 pesquisadores, estudantes e interessados poderão realizar consultas presenciais nos acervos de música, livros, Lps, Cds e DVDs na sala da Fonoteca do CDM.
Biografia resumida
José Antônio da Cunha - Jequitinhonha, Minas Gerais (1.06.1932) - O "Maestro Cunha"
Jequitinhonha
Natural da cidade de Jequitinhonha, iniciou sua prática musical tocando requinta, aos 8 anos, em sua cidade natal.
Barbacena
Aos 14 tornou-se subregente da Banda de Música da cidade, e aos 17 ingressou na Aeronáutica como cabo-músico. Foi diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Barbacena e exerceu o magistério no ensino da música na EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar).
Rio de Janeiro
Como músico militar, em 1968 qualificou-se como maestro, e em 1980 tornou-se inspetor das bandas de música da aeronáutica até 1992, quando entrou para a reserva. Exerceu o magistério no CIEAR (Centro de Instrução Especializada da Aeronáutica) e também em escolas civis.
Atualizou e elaborou toda a legislação para músicos e bandas da Aeronáutica. Organizou e dirigiu as seções de música da DIRAP (Diretoria de Administração do Pessoal), do DEPENS (Departamento de Ensino) e do CENDOC (Centro de Documentação), além de criar e dirigir o conjunto de câmara do INCAER (Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica).
É autor de diversos hinos e canções da Aeronáutica, dentre eles o Hino do CIEAR.
Como músico civil, foi membro da Orquestra Sinfônica da Guanabara, dirigiu bandas, orquestras e corais, inclusive o coral (e solistas) do Teatro de Ópera do Rio de Janeiro, e participou das orquestras: Golden Brasil (Teatro Scala), do Maestro Cipó, Carioca, Raul de Barros, Cuba Libre, Waldir Calmon, Tuoi, Rio Antigo, Anos Dourados e Rever Song, além de ter formado sua própria orquestra.
São José dos Campos
Já na reserva, a partir de 1992, o Mastro Cunha passou a fortalecer o movimento de Choro na cidade, tendo fundado em 13 de outubro de 1994 o Clube do Choro Pixinguinha, do qual ainda é presidente, e por onde passaram muitos músicos amadores e profissionais. Integrou a Comissão Setorial de Música da Fundação Cassiano Ricardo (extinta em 1998), órgão responsável pela gestão pública da cultura na cidade, trabalhou em projetos de música junto à antiga FEBEM (atual Fundação Casa), e também FUNDHAS (Fundação Hélio Augusto de Souza). Como principal líder do Choro na cidade, realizou inúmeros projetos em torno do Chorinho, como: Encontro de Chorões do Vale, Vale Choro, Chorinho para Todos, Projeto Alegria e Dança.