Arquivo Yolanda Borghoff . YBFF
Histórico do Arquivo
O arquivo de Yolanda Borghoff (1925 - 1923), a "Dona Yolanda" é bastante rico em documentação diversa que testemunha sua grande atuação na cultura, nas cidades onde viveu (São Paulo, Rio de Janeiro e São José dos Campos): fotos de artistas (autografadas), programas de concerto, fitas-cassete, fitas-rolo, atas de reuniões, projetos artísticos, recortes de jornais e revistas, documentos pessoais, entre outros.
Especialmente chama a atenção os registros que atestam a amizade próxima entre a família Borghoff e o pianista internacional Nelson Freire, que a chamava carinhosamente de "Violanda" (porque Yolanda era violinista).
Conheci a "Dona Yolanda" em São José dos Campos, por volta de 2006, em função da atuação dela junto à SOCEM (Sociedade de Cultura e Educação Musical, de São José dos Campos).
Esta sociedade de pessoas apaixonadas pela música e voluntárias, fundada em 1970, foi responsável por organizar e realizar a apresentação de grandes artistas na cidade, como o próprio Nelson Freire.
A partir de uma grande amizade pude conhecer de perto todo o legado construído por ela em sua longa trajetória, como também assumir a direção artística da SOCEM (de 2006 a 2020). Em 2020 assumi a presidência da SOCEM, e com muita honra e admiração por ela continuarei a levar a sua luta pela Cultura adiante.
Sabendo da importância de seu legado, realizei inúmeras entrevistas com ela, de maneira informal, para que fosse possível ter um registro de suas memórias.
Após a sua morte, em agosto de 2023, pouco a pouco seu acervo vem sendo transferido para o CDM.
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Biografia resumida
Todas as informações foram baseadas em pesquisas junto aos filhos Guida Borghoff e Rodolpho Borghoff, bem como nas entrevistas áudio visuais realizadas pela Dra. Raquel Aranha em 2021.
Yolanda Nadyr Killer Borghoff (Rio de janeiro, 1925 – São José dos Campos, 2023)
Descendente de suíços por parte de pai, e italianos por parte de mãe, Yolanda nasceu no Rio em 25.01.1925 onde estudou, trabalhou, se casou e teve seus filhos.
Estudou no Instituto Social do Rio de Janeiro, um curso de serviço social trazido ao país por franceses. Trabalhou promovendo muitos eventos artísticos na PROART do Rio e de São Paulo, e por volta de 1973-4 mudou-se para São José dos Campos onde criou o Musiclube, em sua residência, que promovia saraus com artistas convidados. Foi presidente da Socem (Sociedade de Cultura e Educação Musical) por muitos anos, com a qual realizou inúmeros concertos na cidade trazendo artistas de renome para se apresentarem gratuitamente na cidade.
Participou da elaboração do estatuto da Fundação Cultural Cassiano Ricardo de São José dos Campos, e dela foi presidente (gestão de 1989 a 1990). Lutou pela continuidade da Fundação quando houve uma ameaça de fechamento da instituição, apresentando uma proposta de remodelamento que foi aprovada. A partir de sua gestão na Fundação, houve o apoio para a criação do Museu do Folclore, e do grupo Pirô-Piraquara, além de incentivo para a realização de cursos de fotografia, exposições, e apresentações de música.
Yolanda faleceu aos 98 anos em São José dos Campos no dia 25 de Agosto de 2023, deixando um exemplo de dedicação incansável à cultura, além de um legado sólido em gestão cultural.
Em sua homenagem, ainda em vida, foi nomeada uma Sala de Exposição - Yolanda Borghoff no Pavilhão Marina Crespi (Parque Vicentina Aranha), no espaço onde funciona o CDM.
Depoimento de Nelson Freire – Por Ana Francisca Ponzio
Fonte: https://mozarteum.org.br/entrevista/nelson-freire/
“Voltando mais ainda no tempo: aos 12 anos, no Rio de Janeiro, me tornei amigo de um grande apreciador de música. Seu nome: Rodolfo Borghoff. Ele, mais sua esposa Yolanda e os filhos crianças, me acolhiam na linda casa em que moravam, em Santa Teresa, onde passei momentos deliciosos. Depois vieram para São Paulo, onde ele tornou-se diretor da Mercedes Benz. Pois bem, de volta ao ano de 1962: recebo um telefonema da empresa me convidando para tocar com orquestra no Theatro Municipal de São Paulo. Haviam feito uma série de concertos patrocinados pela Mercedes e meu nome foi recomendado, logicamente pelo sr. Borghoff. Pensei comigo, “será que vou conseguir? Bem, lá é São Paulo, não sou tão conhecido, não há a pressão do Rio, vou arriscar. Se for um desastre, ‘tant pis’! O concerto marcado para a véspera de Natal foi o melhor presente que eu poderia ter tido – a volta da minha autoconfiança. Toquei o terceiro concerto de Prokofiev e foi um êxito! Mas, quando me preparava em casa, só conseguia estudar tocando com o disco da gravação. Sozinho nem pensar!!!”